quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Revisão

As vezes me dá vontade de escrever por aqui. Por mais que eu dê voltas afora, parece que no fim sempre quero arquivar os acontecimentos e no final, acabo com um certo arrependimento por não ter relatado vários momentos que passei.

Talvez seja essa necessidade humana de querer guardar todas as memórias.

Ao mesmo tempo que olho e vejo o quanto de besteirinhas eu já escrevi e que hoje, vejo de outra forma. Mas é assim, a gente muda... preciso olhar com mais carinho para as coisas que escrevia no passado. De certa forma, foi através da menina que já fui, que sou quem eu sou.

O blog está super abandonado, mas insisto em voltar aqui, sempre com desculpas pela demora. A verdade é que antes eu o via como algo sem pretensões e agora, tudo que eu faço pareço procurar algum objetivo. Penso em fazer um blog sobre ilustração, sobre livros ilustrados, dicas de organização e muitas outras coisas que simplesmente não encaixam nesse blog porque ele começou sem intenções de "ser" algo.

Me encontro numa fase cheia de dúvidas com relação a que caminho seguir. Por isso fico  eternamente procurando saídas para meus problemas. Dessa forma, escrever no blog sempre parece um tempo perdido.

Mas quando volto atrás e vejo como eu escrevia com orgulho dos meus desenhos, que ninguém dava bola, percebo o quanto eu preciso voltar a fazer isso. Buscar, sem querer agradar a ninguém. Fazer por simplesmente gostar de fazer. Não deixar que comentários, números, problemas.. me impeçam de correr atrás daquilo que a gente quer.

domingo, 9 de agosto de 2015

Escritório da minha mãe

Minha mãe vivia com o notebook em cima do sofá ou da mesa de jantar, sentada em uma cadeira meio capenga ou banquinho sem onde apoiar as costas. Coloquei como meta de Julho construir um pequeno escritório pra ela. 

Diferente de antes, não coloquei expectativas nem pressões sobre mim mesma. Só defini o que era prioridade, respeitando o orçamento. O meu objetivo não era fazer um superescritório mas sim, dar mais conforto e saúde pra minha mãe. Percebi que fiz as coisas com muito mais alegria. Fui comprar as coisas com ela, arquitetamos juntas, o que fez com que conversássemos bastante e tornássemos o processo algo prazeroso.

Peguei o tampo de uma mesa que não usávamos mais, comprei dois cavaletes pretos, uma cadeira e uma luminária. O resultado foi esse:


Sim, bem simples. Mas o bastante para que ela tivesse o cantinho de estudo dela, com uma luz apropriada, uma mesa de melhor altura e uma cadeira confortável. No fim, achei que ficou até minimalista e combinando com o quarto. Não estou mostrando isso como exemplo de excelente escritório, mas escrevo porque foi um momento em que percebi que a arquitetura é as vezes questão de encontrar soluções.

Acho que estava com certo "trauma" com projetos de arquitetura. Só de pensar que teria que fazer um, já começava a me dar um mau humor e eu sabia que tinha algo de errado com isso. Me afastei e estou começando a ver de outra forma. Percebi o quanto talvez pequenas ações, como montar um escritório simples pra minha mãe, pode fazer tamanha diferença na rotina dela. Talvez pensando assim, eu volte aos poucos a projetar novas coisas. Sem pretensões.

Um bom fim de semana!

domingo, 2 de agosto de 2015

Libélula

Muitas vezes acho que vejo um sinal.
Depois meu lado um pouco mais racional diz que é besteira.
Meu lado emocional rebate, dizendo: Tente entender.
Tento, mas vem novamente o racional e me diz: Desista. Isso é perda de tempo, além de não te levar a lugar algum.

Hoje estava em um trânsito impossível para ver o festival de sakuras no Parque do Carmo. Havia deixado minha mãe e ditchan (avô) no meio do caminho pra que eles pudessem ir a pé e chegassem mais rápido do que eu, que ainda precisaria percorrer alguns metros de congestionamento intenso e arranjar algum lugar para estacionar. Bem, passado bastante tempo minha mãe me liga:

- Paula, o Ditchan cansou e não quer mais andar. Ainda não chegamos, acho que na verdade a entrada está longe. 

Com o calor queimando minha cabeça e um milhão de carros na minha frente, respondi de forma irritadiça:

- Ai, mãe, então vamos embora!

- Calma, já estamos tão perto. Vamos ver as sakuras, pelo menos.  

- Tá muito cheio, você não vê? To passando ai, pego vocês e vamos embora. 

- Ok...

Desligo o telefone e vejo pousado no vidro do meu carro, uma libélula. Não sei há quanto tempo estava ali, mas quando a notei, ficou mais uns 5 segundos e foi embora. O emocional sussurrou: será?

Lembrei de uma das histórias que minha mãe me contava quando era criança, era um livrinho em japonês e como eu sou mais visual, lembro apenas dos desenhos de pequenas libélulas coloridas de olhos grandes na beira do rio. Lembro dela me contando, o meu avô deve ter trazido o livro do japão naquela época. Nesse momento, pensei na minha mãe.. no meu avô.. e como tinha sido impaciente no telefone.

Racional: Que besteira. Você só está conduzindo seus pensamentos do modo como você quer pensar. Talvez se pousasse uma folha no seu carro você arranjaria um modo de pensar da mesma forma.

Emocional: Sim, talvez ele tenha razão. Mas independente de ser besteira ou não, a sua reflexão é, por sua vez, besteira também?

Minha mãe me ligou de volta. Fiquei olhando por dois segundos a tela e vi de alguma forma, minha segunda chance. Atendi de forma mais serena:

Oi, mãe. Já estou indo. Vamos tentar.


domingo, 26 de julho de 2015

Significado

Alô? Alô?

Nossa... quantas mosquinhas por aqui, não? Mas acho que vou voltar a escrever no blog, senti muita falta! Estamos no meio de 2015 e já aconteceu tanta coisa... estou trabalhando numa lojinha de roupa infantil chamada Moshi Kids! A dona é a Marcia, ela é japonesa, casada e mãe de dois filhos muito fofitchus - Lilla e Jun.. Me dou super bem com ela! Acho que o fato de começar a trabalhar lá me fez repensar em todos os meus valores e tudo que é realmente importante pra mim. Por isso esse ano tem sido de muito auto conhecimento.

Vi que minha geração é muito defensora do "Faça o que você ama". Por um tempo, fui totalmente adepta. Larguei estágios, neguei oportunidades em busca dos meus sonhos ainda nebulosos. Mas o que eu não via era o perigo desse tipo de discurso. Só realmente parei para avaliar quando me vi totalmente frustrada por não trabalhar naquilo que eu "amo", como se eu soubesse que em algum momento um anjo viria e falaria: "Paula, demorei mas cheguei. Aqui está o seu novo emprego, agora vá, desenhe porquinhos e seja feliz!". POXA! NÃO! NÃO! Comecei a avaliar tudo de novo e passei a questionar toda aquela minha frustração, que no fundo eu sentia que era bobagem... Mas apenas sentia, não entendia.

Li uma vez no blog "Vida Organizada" que, pra você fazer aquilo que você ama, você precisa amar o que faz. Isso foi uma viradinha de chave pra eu começar aos poucos a entender a questão. Independente de tudo, é bom que você faça as coisas com significado. E o significado vai além de uma posição profissional, um prêmio ou reconhecimento. Ele é o que nos guia e faz com que a gente tenha forças de seguir em frente, porque independentemente das pedras no caminho, estamos lutando por algo muito maior.

As coisas mudam com o tempo, mas hoje estou com os significados:
#viver a vida de modo mais leve
#ser uma pessoa melhor

Não tem mais: #quero ser ilustradora. Sabe por que? Porque não é o que mais importa, mas talvez seja parte do meu caminho.. mas o caminho tem muitas bifurcações, vai mudando conforme nós e todo o resto ao nosso redor muda também. A questão é que temos que ser flexíveis, mas nunca esquecermos desses valores principais. Parei de esperar um anjo me oferecer o tal emprego dos sonhos (haha) e passei a viver o sonho agora, a cada passo que eu dou. Tudo é uma grande oportunidade de aprendizado e uma nova chance de fazer melhor. Hoje penso assim, amanhã quem sabe?

Pra terminar, deixo aqui uma colagenzinha que fiz da fachadinha da Moshi Kids! :)


P.A.K.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

I thought I'd die

Uma amiga postou uma imagem que me inspirou pra escrever essa frase, posto ela por aqui:

I thought I'd die if not being loved back 
or not found something I was looking for.
But guess what... I survived.
Good or not,
Days show me that it's always the best choice 
to be strong 
instead of being afraid.

- Paula

domingo, 29 de março de 2015

Pausa 12

Talvez uma hora eu pare para ver.
Daí, talvez uma hora eu goste. 

Talvez uma hora eu pare de listar
todas as coisas que não tenho
e passe viver daquilo que possuo.

Talvez um dia eu pare de esperar
esperar você passar
e vá viajar para encontrar
aquilo que estava ali o tempo todo

comigo.

(Paula)

domingo, 22 de março de 2015

Pausa 11

Ano Novo

"3 minutos!" - avisou meu pai. 

Faltavam 3 minutos para o início dos fogos de artifício, início das promessas sobre academia, dos mesmos desejos de felicidade, das mesmas piadas no facebook, das mesmas pessoas. Faltavam 3 minutos para que o mundo continuasse o mesmo...

"2 minutos!" - avisou de novo. Por que ele precisa fazer isso? hahah!

Minha mãe está correndo na cozinha de lá pra cá com alguns pratos sujos e sobremesa, meus primos conversam no sofá e meu pai e tia olham para o céu. Meu Ano Novo costumava ser bem mais cheio e alegre, mas diferente do que eu pensava antes, família também briga entre si. Como ter um vaso antigo quebrado, eu queria juntar as peças, mas sabia que isso tomaria formas estranhas com meus remendos mal feitos. Era preciso que como mágica a coisa toda se juntasse sozinha e ganhasse um novo formato inteiro e robusto.

Nada se resolveria. Não em 2 minutos. 

Bato o olho no relógio... 1 minuto. Meu pai nao avisou dessa vez. Por algum motivo tento lembrar o que fiz há 3 dias atrás mas nada me vem à cabeça. Que estranho... parece que os dias me foram roubados, como posso ter esquecido assim? Fecho os olhos e, contrariando a todas leis, peço com todas as força que esse minuto demore mais tempo a passar. Eu preciso me lembrar deles. Ou melhor, preciso desse tempo pra reinventá-los. E assim, poder sentir intensamente momentos que uma vez vivi com tanto desapego. 

- Paula A. K.